O primeiro Verdinho a gente nunca esquece

O primeiro Verdinho a gente não se esuece

Eu era criança quando meu pai chegou em casa com uma gaiola tampada. Fiquei curiosa e lembro que pulei muito em volta dele tentando ver o que tinha por trás daquela capa. Sabia que era uma ave, mas não sabia qual. Lembro que papai era um homem muito gentil e doce e sentou comigo e minha mãe e disse que a partir daquele dia teríamos uma companhia a mais em casa todos os dias. Ficamos curiosas e antes mesmo dele revelar qual bichinho ele tinha nos trazido, ele nos fez prometer que sempre cuidaríamos do animal e nunca iríamos nos separar dele. Prometemos e eu ainda completei “palavra de escoteiro”, mania na minha época de criança que significava uma promessa de muito peso e comprometimento.

Quando papai retirou a capa da gaiola à surpresa: um papagaio filhotinho! Nhommmm eu amei de primeira! Ele era bem franzino na verdade, não era um loro bonitão cheio de pena, ao contrário, era magro, com penas arrepiadas e não era totalmente verde, mas ele era tão calminho e tão dependente que foi paixão a primeira vista. Cuidava dele o dia inteiro e ia conferir a gaiola dele sempre que estava em casa, mas o curioso é que eu não conseguia colocar um nome nele. Chamava de loro mesmo. Com o passar dos meses, o loro foi ganhando peso, crescendo e o melhor, suas penas estavam uniformemente verdes. Lembro esse dia quando o olhei e falei ‘nossa ele está tão verdinho’. Ficou. Verdinho estava batizado. 

Verdinho era muito dócil, adorava vir na mão, adorava quando fazíamos carinho em sua cabeça, os olhos dele ficavam abrindo e fechando como em uma ilusão de ótica. Era lindo de se ver. Até que ele começou a falar suas primeiras palavrinhas e adivinha? ‘Verdinho‘, ‘oi meu bem’ e ‘boa noite’ foram as primeiras pronúncias do meu papagaio de estimação. Era uma graça e fazíamos ele repetir essas palavras o dia todo. Com o passar do tempo ele foi falando mais coisas e repetindo frases muito ditas na minha casa como ‘vem comer’, ‘quer café’ e muitas outras.

Os anos foram passando e as cantigas de criança ele ainda tem em sua memória. Canta com maestria ‘cai cai balão’ e adora terminar com o ‘miau’ o atirei o pau no gato, aliás é uma briga até hoje porque verdinho antecipa o miau e canta rápido, para ninguém tirar esse prazer dele. É uma graça. Hoje sou uma mulher, já tenho 24 anos e verdinho está comigo, há 17 anos na família. Hoje já está velhinho, cansadinho e tem manias como não gostar de dormir com luz acessa ou não gostar mais de determinadas frutas. Mas entendo ele, afinal ele está velhinho e é normal ficar com manias. Mas acredita que ele continua falando e cantando tudo? Não se cansa de querer aparecer e de fazer festinha quando a gente chega em casa, isso sim é uma festa. Se ficarmos desde a parte da manhã sem nos ver, quando eu chego à noite ele canta tudo embolado e atropelando as músicas, de tanta felicidade. Já é um ritual: tenho que chegar em casa, cantarolar com verdinho, fazer carinho na sua cabeça e aí sim, estou liberada para fazer minhas coisas. É ou não é uma delícia a minha história com meu verdinho?

BIOGRAFIA: Este texto é da enfermeira Luísa de Souza Porvenelli relatando sua eterna paixão com o seu papagaio Verdinho.   

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